A pesquisa se dedica à investigação da impermanência e da transitoriedade como linguagem e método. Inspirada por uma sensibilidade que transita entre o zen-budismo e a filosofia estoica, essa pesquisa entende o efêmero não como perda, mas como revelação — uma aceitação serena do tempo, do desaparecer e da transformação constante.
Nas obras reunidas em Apagamentos, essa visão ganha formas variadas, todas pulsando com o silêncio do que se desfaz. A pesquisa trabalha a delicadeza do gesto que não fixa, mas convida a observar o movimento do desaparecer, revelando a beleza que habita na vulnerabilidade do instante.
TERRAS BREVES
Utilizando pigmentos orgânicos e minerais, infusões de chás e pós aplicados sobre linho, as obras de Terras Breves criam territórios frágeis onde o tempo continua o trabalho iniciado pelas mãos da artista. Essas camadas e texturas são vestígios sutis de uma curiosidade serena sobre o que se tornará amanhã — talvez nada, e nessa ausência reside sua beleza profunda.
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No coração da pesquisa está a contemplação meditativa do efêmero, um convite a pausar e olhar o que se vai não com tristeza, mas com um espanto tranquilo. As obras refletem a aceitação do transitório como valor em si, lembrando que o significado está justamente na impossibilidade de retê-lo.
NUVENS PASSAGEIRAS
O giz pastel seco repousa sobre o papel com leveza quase aérea, formando nuvens que flutuam à beira do desaparecimento. De perto, são quase pó; de longe, recuperam contornos efêmeros. Essas formas sugerem a necessidade de um recuo para enxergar não apenas a imagem, mas a própria finitude e transitoriedade que ela representa.
IMPERMANÊNCIA
Linhas sutis cruzam superfícies construídas sobre linho, sugerindo horizontes ou trilhas do tempo. As cores se dissolvem suavemente, lembrando que nada é estático e que toda vida está em constante deslocamento. A série revela que a permanência não é estabilidade, mas fluxo e transformação contínua.